sexta-feira, 22 de maio de 2009

Você sabe o que é Gestalt-Terapia? Veja na reportagem especial

O Web COMNEWS traz aos seus usuários mais uma sugestão de leitura, visando um melhor aproveitamento do blog, bem como proporcionar mais conhecimento, sobre temas pertinentes e polêmicos, muitas vezes desconhecidos, como a Gestalt-Terapia.

Fazer com que o cliente se conheça mais e melhor, a fim de que possa contornar situações difíceis de sua vida, tanto emocionais, como sociais, além de estabelecer um vínculo mais forte entre o profissional e o seu atendido, é um dos objetivos da Gestalt-Terapia. O nome pode não ser tão conhecido, mas a sua relevância é de extrema grandiosidade, principalmente, para as crianças. Trata-se de uma das linhas da psicoterapia e dos estudos da psicologia que trabalha a linguagem verbal e a não-verbal de pessoas que recorrem a psicólogos para algum tipo de acompanhamento. No caso das crianças, essa terapia atua na construção e na formação delas.

A palavra 'Gestalt' é de origem alemã e indica dar forma, ou seja, um processo, uma formação. Surgiu na década de 50, nos Estados Unidos da América, e veio para agregar à psicologia uma nova forma de trabalho para o psicólogo e inovações no tratamento de clientes, de diversas idades. De acordo com a psicóloga Luciana Aguiar, o profissional da psicologia que trabalha com a Gestalt-Terapia terá uma forma de intervenção diferente junto ao seu cliente.

Luciana está em Teresina para proferir um curso sobre a Gestalt-Terapia com crianças, voltado para profissionais e estudantes do curso de Psicologia, a partir do quinto período. O curso começou na quarta-feira, dia 20, e acaba hoje, tendo ao final um certificado de uma carga horária de 40h. Segundo a organizadora do evento, a psicóloga Raquel Vilarinho, Teresina é muito carente de profissionais capacitados para o atendimento às crianças e o curso veio para gerar mais profissionais para essa área.

“Foi uma abordagem diferente, em uma cidade onde não há muita gente capacitada para tratamento voltado para as crianças. E a Gestalt-Terapia é uma das opções para esse tratamento, por isso trouxemos a Luciana, que já tem um histórico profissional bastante amplo, com publicações de livros, inclusive sobre a gestalt-Terapia para crianças”, frisou Raquel.

De acordo com a psicóloga Luciana, a Gestalt-Terapia parte do pressuposto de que para se superar as situações difíceis, que geraram problemas emocionais e sociais, é preciso enfrentar e, para isso, é crucial, primordial, que o cliente se conheça. “Eles nos procuram e nós orientamos para que falem, se abram. Geralmente, algumas pessoas não conseguem e é exatamente aí que o profissional que trabalha a Gestalt-Terapia vai atuar, com linguagem verbal e não-verbal, fazendo com que esse cliente consiga enfrentar os seus problemas”, disse.

Referindo-se às crianças, a psicoterapia infantil visa auxiliá-las, juntamente com seus pais, quando algo não está bem no desenvolvimento emocional ou social, quando o seu desenvolvimento está sendo interrompido por algo, por uma lembrança má, por exemplo, ou quando a criança não consegue se interagir socialmente, é muito reservada. O que é bastante comum, segundo a especialista Luciana.

“Na maior parte dos casos, as crianças são encaminhadas à psicoterapia ou pela escola ou por outros profissionais de saúde, quando esses não encontram alternativas para lhe dar com os problemas emotivos e sociais das crianças. Os pais também costumam encaminhar seus filhos. Tudo isso, porque o trabalho do psicólogo vem ganhando mais notoriedade e respaldo, o que há alguns anos não tinha”, enfatizou.

Geralmente, crianças de três a sete anos de idade, quando procuram a Gestalt-Terapia, estão passando por dificuldade na hora de compreender a separação dos pais, por problemas na alimentação (não conseguem se alimentar direito, não sentem apetite) ou por problemas na hora do sono. Crianças com idade mais avançada, até os 10 ou 12 anos de idade, segundo Luciana, procuram a terapia por causa de dificuldade na aprendizagem na escola ou por problemas nas relações com colegas.

Nesses casos, 'Gestalt-terapeuta' vai ao encontro da realidade da criança, investigando as suas experiências da forma como elas acontecem e se processam, falando com o cliente ou, se for criança, utilizando de demais meios, como desenhos, músicas e outros materiais artísticos. No entanto, a expressão desses sentimentos e dos seus problemas é de responsabilidade do próprio cliente, sendo que o terapeuta é apenas um facilitador nesse processo de investigação, de compreensão desse sentido.

Em suma, é como se o 'Gestalt-terapeuta' fosse o canal de facilitação para que o processo de auto-conhecimento do cliente se afloreça, o processo de conscientização sobre si mesmo na relação com o mundo, de forma que ele possa conhecer e experimentar aquilo que ele está podendo ser naquele momento, conhecendo tanto os seus recursos, suas habilidades, como os seus impedimentos, as suas dificuldades, ou seja, tanto aquilo que é saudável, quanto o que não é saudável, na busca pela satisfação das suas necessidades na relação com o mundo.

A Gestalt-Terapia fornece, ainda, um respaldo para que a criança escolha seu próprio caminho e aprenda a fazer suas próprias escolhas, uma vez que os outros não poderão escolher sempre por ela, assim ajudando-a a sentir-se forte dentro de si própria e a ver o mundo a sua volta, tal como ele é realmente. A questão do 'aqui-agora' também faz parte dessa terapia. Luciana explicou que é como se fosse um 'braço' desse tratamento, em que a criança ou qualquer outro cliente iria transformar o significado de algo que ele tem aversão, tanto do passado, como do futuro, aquilo que ainda não aconteceu. O 'aqui-agora' é, então, o ato de modificar uma visão que o cliente tinha de algo ruim. É como se ele se colocasse no lugar do outro, por exemplo, vendo com os olhos do outro. No 'aqui-agora' o passado e o futuro só existe no presente.

Sobre os retornos desse tratamento, a psicóloga Luciana Aguiar destacou que quase sempre são positivos e que os retornos negativos só acontecem em menor grau, na maioria das vezes, por intermédio dos próprios pais dessas crianças, que interrompem o tratamento, por exemplo. “É uma terapia que tem mostrado resultados muito bons. Quando o contrário acontece, são os pais que contribuem para isso, na maioria dos casos. E está nesse ponto algo importante: a Gestalt-Terapia quando feita com crianças, deve ter a participação dos pais. Deve ser um processo conjunto”, finalizou.

“Quando ela disse que não tinha família, foi a gota d'água”

Sempre em meio às lágrimas e com uma sensibilidade à flor da pele, a filha de seis anos de idade, da auxiliar contábil, Vânia Ribeiro, começava a dar sinais de que precisava, e muito, de um acompanhamento de psicoterapia. Segunda a mãe da criança, a situação começou a se agravar quando a filha, na própria escola, dizia para a professora que não tinha família, sempre que esse assunto era posto em sala de aula.

“Ela chorava muito e sem motivos. Do nada, ficava muito triste e quando eu ia falar com ela, ela dizia que ia embora, sempre com um comportamento de aversão. Quando a professora dela falava sobre família em sala de aula e ela disse que não tinha, foi a gota d'água: procurei um psicólogo, antes que esse comportamento interferisse ainda mais na sua formação. Além disso, na própria escola, ela não tinha amiguinhos. Não conseguia se enturmar, interagir com os colegas de classe”, desabafou Vânia.

A auxiliar contábil procurou, então, no começo deste mês, uma ajuda profissional e logo teve a sua filha encaminhada para o acompanhamento à base da Gestalt-Terapia. De acordo com Vânia, que não conhecia essa psicoterapia, sua filha já passou pela terceira sessão do tratamento e já apresenta um comportamento bastante diferente, com mais auto-estima, com mais alegria. “Ela mesma gostou da psicóloga e do tratamento. Antes das sessões ela já fica toda ansiosa e os resultados já são bem visíveis. Já percebo uma grande diferença no comportamento da minha filha. Ela está interagindo mais comigo e com outras pessoas”, frisou.



Flávio Moura


Nenhum comentário: