quarta-feira, 17 de junho de 2009

Confira uma das primeiras manifestações de jornalistas, após decisão do STF

Olá nobres usuários! Pedimos um espaço em meio ao conteúdo webjornalístico, para publicar um artigo escrito na noite desta quarta-feira, dia 17, pela jornalista Ana Cândida Martins, após a lamentável decisão do Supremo Tribunal Federal - STF, em extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Pedimos a atenção de todos e que leiam até o final. Pedimos, também, perdão pelas palavras que fogem a "norma culta", para não dizer outra coisa!

"Pra que ser jornalista?

Essa história de que as empresas vão continuar exigindo formação nas contratações é lorota, e quem assim como eu, trabalha no meio sabe o tamanho da lorota. Se antes, já não tínhamos órgãos de defesa da categoria respeitados, imagine agora? Aqui no Piauí temos um sindicato pífio,que consegue a façanha de reduzir um aumento no piso que era de R$ 50 por ano, para R$ 35. Você sabe o que é esperar 365 dias para ter um aumento e receber R$ 35? Precisei da ajuda de duas pessoas para levar esse dinheiro todo ao banco, claro! E nem me venha falar em $#%&@ de Anuênio porque isso é privilégio de poucos. A grande massa de profissionais hoje é formado de jovens, assim como eu, não estamos em empresas tempo suficiente para ter esse direito ou se temos ele não significa grande diferença no contra-cheque.

Sabe pra que esse sindicato serve? Para proteger os velhinhos caquéticos e preguiçosos, Os Joãos, Os Raimundos, Os Zés, que vão para as redações passar as manhãs ou tardes copiando e colando releases e sites, entre uma coçadinha nos ‘ovos’, uma outra nas frieiras dos pés e um peido. Sindicato de bosta, como sempre foi. E esses pulhas compõem a diretoria deste meu amado sindicato e pra quem não tem noção de constituição e direitos, eu esclareço por qual motivo estas ‘criaturas’ entram nas diretorias. No artigo 8º, VIII da CF, “É vedada a dispensa de empregado sindicalizado a partir do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei”. Sacou né? Ou quer que eu desenhe? Maravilha! O cara faz ‘Porra Nenhuma’ se escora nos colegas e goza de estabilidade contra a demissão. Beleza!!!

Não acredito em liberdade de ação de sindicatos, cujos presidentes atuam em empresas como empregados, sou da teoria de que presidente de sindicato, durante sua atuação devem se afastar do emprego e ter os salários pagos pelo sindicato.

Eu sei, eu sei, a decisão do STF não é culpa dos sindicatos. É, não e forma direta, mas indiretamente, quando você deixa de fazer, também contribui para uma decisão. E é na junção do Piauí, com o Maranhão, com o Rio de Janeiro e por ai vai, que se constitui a força de um movimento. Lembro que há pouco mais de dois meses, durante comemoração do Dia do Jornalista em Sessão Solene na Assembleia Legislativa, abordei o presidente do meu querido sindicato sobre o assunto e sua resposta foi a de que estava confiante de que o STF iria negar a cassação do diploma. É amigo, o STF fez o contrário e agora? “Chupa essa manga e engole o caroço”.

Olha só que lindo o discurso dele: “Nós vamos ter que convocar um seminário nacional para discutir regras e discutir como fazer com o registro de jornalista. [b]Mas nós acreditamos que isso não será necessário, uma vez que vamos ganhar esta causa, a mobilização é nacional, estudantes, jornalistas e a sociedade estão lutando em defesa da formação acadêmica do jornalista”.[/b].ÉEEEEEEEEEEE GOOOOOOOOOOOOOOOL DO BRASIL, SIL, SILLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!

Se antes eu já pensava em abandonar a profissão, agora não é mais uma questão de escolha, é de sobrevivência, é uma obrigação. Penso no que adiantou as noites acordadas para estudar para o vestibular, os quatro anos de dureza, cansaço e tristezas entre faculdade e estágios? Pra que mesmo? Pra vir um filho da puta chamado Gilmar Mendes e nos comparar a cozinheiros (nada contra a classe até porque foi assim que minha avó criou minha mãe), mas me poupe! Do universo de cozinheiro do país, quantos estudaram para exercer a profissão? É piada não é? Mas o que esperar de um homem desses que transborda cinismo até calado? Nada.

A mim fica a sensação de tempo perdido, sonho errado e o desânimo diante de uma longa caminhada para recomeçar. Se antes eu já dizia que filho meu não seria jornalista, agora então...

O que eu sinto agora, nem consigo descrever, não dá pra definir se é tristeza, ódio, desilusão. Acho que é um misto de tudo isso com uma grande pitada de coisa nenhuma. É, é assim que me sinto, coisa nenhuma. Então, viva ao STF!

ME PROCESSE!!!

Ana Cândida Martins

DRT 1332/PI (Adquirida com a apresentação de um suado diploma que agora jaz junto com os papéis higiênicos utilizados hoje por minha família). Um minuto de Silêncio em homenagem ao finado. Please!"




Equipe Web COMNEWS!


Um comentário:

Jordana Cury disse...

Caramba!!! Corajosa, a moça!! Gostei de ver... Mas, sinceramente, tive medo de acordar amanhã sabendo que meu amado cursou tinha virado um curso técnico. Eu tinha certeza que coisa boa não viria, de jeito nenhum. É do STF que estamos falando.